2ª Sessão da Escola do MCC teve como palestrante Pe. Fábio Carvalho

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O Movimento dos Cursilhos de Cristandade (MCC) realizou, no passado dia 14 de outubro, no Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, Viana do Castelo, a 2ª Sessão da Escola do MCC. O palestrante foi o Pe. Fábio Carvalho, Capelão do Hospital de Santa Luzia, Pároco de Mazarefes e diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral da Saúde, que aprestou o tema: “A vida não acaba, apenas se transforma – A Morte, o Luto e a Esperança Cristã”.

Escola MCC Para uma plateia de mais de 90 pessoas, maioritariamente de cursilhistas, o Pe. Fábio começou por introduzir o tema citando o Prefácio dos defuntos “A esperança da ressurreição em Cristo”: Cristo aceitou morrer na Cruz para nos livrar a todos da morte e entregou de boa vontade a Sua vida, para que pudéssemos viver eternamente; Nele está tudo contido na esperança que nos move nas exéquias dos defuntos. Falou-nos detalhadamente do cuidado da ética, e cuidado da relação em fim de vida.  

A morte apropriada e o tabu na aceitação da morte – Hoje vive-se muito a morte desapropriada; talvez tenha começado com a pandemia, velórios e funerais a correr! Não gostamos de estar muito tempo em contacto com o defunto, queremos libertar-nos dele o mais rápido possível. O luto é cada vez menos resolvido, porque começamos a evitar a morte dos outros e é fundamental voltarmos à apropriação da morte. Falou-nos de vários exemplos e constatação de morte desapropriada.

A EUTANÁSIA – O palestrante falou-nos em seguida da eutanásia, referindo: como sabemos a eutanásia irá ser uma realidade em Portugal e, do muito inverdadeiro que se fala acerca dela, é necessário reter: A Lei da eutanásia não é um decreto, é uma responsabilidade para que não se chegue a esse facto e, para isso, é necessário promover a ética do cuidado em fim de vida. A morte é uma realidade que todos vamos enfrentar e devemos apropriar-nos da morte, para a enfrentar com serenidade.

O QUE É O LUTO? – O luto é uma resposta característica a uma perda significativa, é uma reação natural a uma perda; o luto tem de acontecer! Nós temos de chorar as perdas de alguém que se ama, porque é fundamental para que possamos voltar a viver. Temos de aceitar a partida de quem está a morrer e não lhe negar essa situação de que está no fim da vida, para que parta em paz e não parta desacompanhado. Hoje, a nossa sociedade tem a tentação de negar a morte a quem está em fim de vida.

AS TRAJETÓRIAS DO LUTO – Existem várias trajetórias do luto: o luto apaziguado, «que aceita o luto»; o luto traumático, a pessoa que fica tem dificuldade de resolver o luto, «falecimento prematuro»; o luto inibido, «a pessoa não exterioriza os seus sentimentos»; o luto desautorizado, particularmente verificado em tempo de pandemia, em  que  era impedido o contacto com os entes-queridos hospitalizados, e a falta de acesso ao corpo após o falecimento, que incluía proibição de exéquias».

O palestrante citou a Carta Encíclica de Bento XVI “Salvos na Esperança” para referir: a esperança cristã reside na Páscoa, na passagem de Cristo da morte à vida; Cristo venceu a morte e sinto que não nasci para desaparecer, mas que viverei com Cristo para sempre. 

Eu espero em Cristo e sei que Cristo não Se engana: há muitas esperanças, mas o homem necessita de uma esperança que vá mais além, uma esperança total, pois a esperança mediana é sempre a esperança para amanhã; nós precisamos da esperança de todos os dias e a grande esperança só pode ser Deus.

E continuou: quando Deus salva a humanidade, não salva algo de abstrato, mas salva-me a mim e a ti e, como referia D. Anacleto Oliveira na sua Carta Pastoral Cristo em vós: a Esperança da Glória, “Alegremo-nos e rejubilemos” sobre este monte o Senhor do universo há-de preparar para todos os povos suculentos manjares.

A CREMAÇÃO 

No período destinado a perguntas dos presentes, o palestrante foi questionado sobre se a cremação estava de acordo com os princípios cristãos; o Pe. Fábio referiu que a cremação é possível, pois está contemplada no manual das exéquias, que refere: a todos aqueles que tiverem optado pela cremação do próprio cadáver pode conceder-se a possibilidade de celebrarem as Exéquias cristãs, a não ser que a sua decisão seja devida a razões contrárias à fé cristã. Sendo que mesmo nesse caso é importante fazer o luto como atrás foi referido, o que muitas vezes não acontece.

Próxima sessão da Escola dia 12 de dezembro: Palestrante Pe. Paulo Alves – Tema: Desiderio Desideravi”, Carta Apostólica do Papa Francisco – A beleza da celebração litúrgica e o seu papel na evangelização.