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Arciprestado de Arcos de Valdevez promoveu recoleção para Ministros Extraordinários de Comunhão e Leitores
Foi cintando Voltaire que o dr. Pedro Pereira encerrou a Recoleção do Tempo Pascal para Ministros Extraordinários da Comunhão e Leitores: "Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo".
No passado domingo, 19 de maio, cerca de 50 Ministros Extraordinários da Comunhão e Leitores do Arciprestado de Arcos de Valdevez, juntaram-se no Consistório da Igreja Matriz para a Recoleção de Tempo Pascal, prática recorrente do Arciprestado nos principais tempos litúrgicos.
Sob a temática «Tolerância no mundo global: o encontro com o “outro”» e orientação do dr. Pedro Pereira, pós-doutorado em Antropologia (ISCSP–Universidade de Lisboa) e Pós-graduado em Dinâmicas Religiosas (ICS–Universidade de Lisboa), o encontro consistiu na troca de ideias acerca do mundo tolerante com grande diversidade cultural, religiosa e práticas complementares, que são diferentes da prática recorrente, numa interação cada vez maior e crescente, que permite construir uma identidade e cultura através do contacto com outras culturas (que até então estavam afastadas).
Para responder à pergunta “Porque devemos ser tolerantes?”, o orador apresentou três ideias-chave, sendo uma delas fundamentada no exemplo do livro “Levitã”, de Thomas Hobbes, onde perante a natureza humana. “Temos que mostrar uma força que nos impede de colocar em prática a maldade. A natureza má implica que tenhamos que encontrar formas de conviver entre ‘nós’”, referiu, destacando a importância da comunicação na interação com os outros. “Apesar de falarmos a mesma língua, não significa que a cultura seja a mesma. É preciso um esforço. É preciso ser tolerante”, considerou, acrescentando: “Esta tolerância não é apenas em relação à natureza ou diferentes culturas, mas também para com diferentes pessoas, com as quais vamos encontrar dificuldades (mesmo partilhando a nossa cultura, crenças ou a nossa família).”
O dr. Pedro Pereira afirmou ainda que, “enquanto católicos, deve-se encontrar formas de conviver no mundo global, que se apresenta complexo e repleto de diversidade”. “É necessário confrontar ideias e fortalecer a convivência, de modo a encontrarmos formas de viver com a diferença e convivermos com a diversidade”, considerou, destacando a criação de uma cidadania global, realçando que “deve existir menos etnocêntricos e destacando o Papa Francisco como “exímio na forma como se coloca na convivência através da diversidade”. “Mais do que reconhecer diferenças, é preciso conhecer as diferenças. É preciso conhecer signos e significados do porquê de ser diferente. Não chega ficar no conhecer, mas ter conhecimento. Temos um medo vs. fascínio pelo desconhecido”, considerou, afirmando: “Enquanto sociedade, somos pouco tolerantes com o outro porque não conhecemos muito bem o outro. Há muito mais que nos pode relacionar com o outro do que aquilo que nos distancia.”
Para terminar a recoleção, lançou um desafio aos presentes, assente no compreender e aceitar, através do olhar para o mundo que os rodeia mediante os seus valores. “Se conseguirem fazer isso, estão em condições privilegiadas para viver em proximidade com o mundo que os rodeia. Cada vez mais o outro vai fazer coisas que são muito diferentes daquilo que eu faço”, realçou, concluindo: “Ao conhecermos os outros, conhecemo-nos melhor a nós. Devemos definir um limite para a tolerância ou deve ser infindável? Devemos estabelecer limites, é claro, como uma ação de cidadania. A tolerância é como um muro de conforto. Será que o que se passa do lado de lá do muro não nos diz respeito?”.