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Diocese de Viana realizou Assembleia Sinodal
Foram 2.453 as pessoas envolvidas no processo sinodal, em redor dos dez Arciprestados da Diocese de Viana do Castelo. Dessas, quase uma centena esteve presente na Assembleia Sinodal, que reuniu, compilou e apresentou o trabalho levado a cabo por grupos informais e grupos de reflexão paroquial e arciprestal, e que decorreu no auditório do Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, Viana do Castelo, no passado dia 18 de junho, respondendo ao repto lançado pelo Papa Francisco.
O resultado do processo de auscultação registou o sentimento de que existe uma “Igreja cristalizada, na qual se caminha por obrigação” e que “urge ‘humanizar’ a Igreja, aproximando-a da vida concreta das pessoas, acolhendo-as, sobretudo das que se encontram à margem da vida eclesial, e ajudando-as a percecionar o Evangelho a partir das suas circunstâncias”. Uma representação demasiado hierárquica e cooperativa da Igreja, assim como grupos e movimentos fechados em torno de si próprios, foram outras das conclusões apresentadas.
Sublinharam-se, ainda, “os entraves existentes à participação plena de algumas pessoas nas celebrações e serviços da pastoral”, assim como “o papel, meramente passivo, atribuído à generalidade dos fiéis”, “horários das celebrações desadequados à realidade” e Eucaristias pouco atrativas, por vezes melancólicas, em que não existe um verdadeiro acolhimento.
Do resultado da escuta sinodal houve, também, o lamento pela “existência de uma certa ‘viciação’ de alguns cargos e respetivos grupos em torno das pessoas escolhidas”, as “inúmeras dificuldades sentidas no funcionamento dos órgãos sinodais”, tal como os obstáculos, os tabus e preconceitos que existem em processos de participação e corresponsabilidade no âmbito eclesial, ressaltando-se tanto o “ reconhecimento de iliteracia evangélica”, com a “necessidade de abrir espaços de diálogo entre as comunidades e os órgãos/estruturas da Igreja local: diversificando-se os intervenientes; provocando-se momentos sinodais de reflexão, de modo a gerar uma comunidade que se pensa, critica e cresce em conjunto”.
Na sua intervenção, posterior à apresentação dos resultados, D. João Lavrador agradeceu a participação das comunidades e referiu-se ao sínodo como “hora de graça para a Igreja”, na “sequência de várias décadas de receção” do Concílio Vaticano II. O Bispo de Viana do Castelo afirmou que o “primeiro desafio diz respeito a reconhecer e promover a comunidade cristã como Povo de Deus”, enquanto povo chamado não só “a ser fermento do Evangelho”, como “desafiado a escutar a sociedade e a cultura envolvente”, tendo em vista a “renovação da comunidade cristã”.
“Afetados por uma longa história eclesiológica que não teve em conta uma comunidade verdadeiramente articulada em ministérios, serviços e carismas, e por uma acentuação clerical que, tanto da parte do clero como dos leigos, teima em não ceder à conceção da Igreja povo de Deus, estamos prisioneiros de uma realidade eclesial que já não corresponde aos tempos em que vivemos, e que exige de nós um redobrado esforço de transformação”, confessou, deixando claro que existe a necessidade de uma reforma no modo de pensar e ser Igreja.
“Teremos de renovar esforços na promoção de vocações sacerdotais, religiosas e de consagração; urge preparar e dignificar o Sacramento do Matrimónio e acompanhar as famílias; exige-se uma atenção privilegiada à atuação do Espírito Santo que concede à comunidade cristã dinamismos evangelizadores que devem ser acolhidos e acompanhados. Refiro-me aos movimentos apostólicos”, referiu, apontando, ainda, o diaconado permanente e a instituição do ministério de catequista como fundamentais.
O prelado evidenciou que “sem comunidade, a ação pastoral da Igreja fica desvalorizada ou mesmo anulada” e que, por isso, “faz parte dos direitos de todos os fiéis cristãos a sua participação não apenas pessoal mas, e sobretudo, nos organismos eclesiais de comunhão”.
“Itinerário difícil, a exigir paciência e capacidade para reiniciar permanentemente, mas absolutamente necessário na renovação da Igreja e de cada comunidade cristã”, reconheceu, por fim.