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Família: vocação e santidade no mundo
O Auditório do Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, no Arciprestado de Viana do Castelo, recebeu, no passado dia 25 de junho, o encerramento do IV Viana em Família. O dia ficou marcado pela presença de dezenas de famílias oriundas de toda a Diocese.
Rosa e Manuel Pádua, do Arciprestado de Paredes de Coura, e Natália Lima e Manuel Ferreira, do Arciprestado de Viana do Castelo, celebram, este ano, 50 anos de Matrimónio e foram dois dos casais que participaram no encontro.
“Os outros casais vão querer saber como é”
“Está a ser muito bom. Isto é o que faz falta para que a gente perceba que vale a pena o que viveu e continua a viver, enquanto família”, assegurou Manuel Pádua, contando entre risos: “O convívio entre os casais foi tão bom, que nós íamos comer ao restaurante e acabámos por comer aqui, com toda a gente.”
O casal de Paredes de Coura recebeu o convite do Pároco e já só pensa em incentivar outros casais da sua Paróquia a participar no encontro. “Nem que sejam casais com cinco ou dez anos de casamento. Já são um incentivo para chegar aos 25, 50 e 75 anos”, disse Manuel. “Vamos dizer que gostámos e os outros casais vão querer saber como é”, acrescentou Rosa.
“A família é muito importante”
Natália Lima e Manuel Ferreira vieram sozinhos, mas levaram uma lembrança do encontro para Júlio Pais de Lima, de 97 anos, e Maria Júlia de Oliveira Rodrigues, de 94, que celebram 75 anos de Matrimónio. “É pena eles não estarem aqui presentes connosco, mas os meus sogros já têm uma certa idade e, por isso, era difícil conseguirem participar no encontro”, explicou Manuel, garantindo que iam “partilhar tudo” com os seus pais. “A família é muito importante e, por isso, estas iniciativas devem perdurar no tempo porque nos relembram disso mesmo”, salientou Natália, afirmando que gostou “muito” de participar. Já sobre o segredo para um Matrimónio duradouro, o casal destacou “o amor, o respeito, a compreensão e a humildade”.
“A nossa Pastoral é feita de famílias”
A Equipa Diocesana da Pastoral Familiar de Viana do Castelo convidou todas as famílias da Diocese a participar neste encontro, vivido em vários momentos: desde a sua abertura do dia 19 de junho, sob a presidência do Bispo D. João Lavrador, em que cada Equipa Arciprestal de Pastoral Familiar levou o ícone do Encontro Mundial para cada uma das 291 Paróquias que constituem a Diocese. E também durante a semana, toda ela vivida em festa e alegria sob a égide da oração familiar em Paróquia, família de famílias, culminando no ponto alto do encerramento com o IV Viana em Família.
Após dois anos de pandemia, Mons. Fernando Caldas, diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, mostrou-se “feliz” por poder realizar o encontro sem as condicionantes impostas pela Covid-19. “É uma grande alegria podermos celebrar o encontro com a participação de famílias que vieram de quase toda a Diocese”, começou por dizer, garantindo que o feedback das famílias foi “muito bom”. “Está a ser um dia maravilhoso porque estamos a celebrar a alegria do Matrimónio das famílias”, acrescentou, realçando: “É essencial que as pessoas se recordem que a família é fundamental. Sem uma família não somos nada. Já para a nossa Diocese, pretendemos lembrar que a nossa Pastoral é feita de famílias. Não há freelancers. Todos fazemos parte de uma família. Aliás, a comunidade paroquial é uma família. Pelo menos, deveria ter os laços de uma família. E, depois, podermos dar graças a Deus por estes encontros. É o encontro diocesano da família diocesana e das famílias.”
“As pessoas estavam sedentas desta aproximação”
Já Júlia e Rui Costa, do Arciprestado de Caminha, são um dos casais responsáveis pelo Secretariado e também se mostraram “muito felizes” por regressar “a uma certa normalidade”, que permitiu a realização do IV Viana em Família. “Regressar é estranho, mas é salutar. O contactar e acolher os casais e eles sentirem-se bem connosco é fundamental. Estava a fazer-nos falta para nos dar ânimo, também. Depois, voltar num ano em que se comemora o X Encontro Mundial das Famílias, e o próprio Papa nos lançar o repto de sermos Igreja nas nossas Dioceses. Este encontro é uma resposta a isso mesmo”, referiu Júlia, contando que o feedback é “muito positivo”. “As pessoas estavam sedentas desta aproximação, abraços, calor humano, acolhimento e festa da celebração”, defendeu, agradecendo “o empenho e dedicação” das equipas arciprestais em constituir esta pastoral nas suas Paróquias. “Não foi fácil organizar este encontro, porque as pessoas ainda têm algum receio devido à Covid-19 e, infelizmente, não conseguimos ter todos os Arciprestados a participar”, lamentou Rui, realçando “a boa adesão”. “Estes encontros são importantes porque consolidam as pessoas na fé e no caminho do Matrimónio”, acrescentou, afirmando: “Esta Pastoral é a mais importante de todas. Não por eu fazer parte, mas porque tudo o resto nasce daqui.”
Com um programa vasto, pela manhã do dia 25, o Secretariado Diocesano acolhia as famílias com uma fotografia junto das bandeiras da Jornada Mundial da Juventude 2023, recordando que este grande evento, que se realizará em Lisboa, se aproxima e que as famílias têm um papel relevante na evangelização dos jovens. Seguiu-se um momento de reflexão proporcionado por uma mesa-redonda, sob o tema “O amor na família: vocação e caminho de santidade”, moderada pelo Pe. João Basto, diretor deste jornal diocesano, Notícias de Viana. Nessa mesma mesa-redonda foram destacados, no seu global, quatro palavras que constam do seu título: Amor, Família, Vocação e Santidade.
O antropólogo Álvaro Campelo deu o pontapé de saída, aludindo que seria importante desconstruir a família e dar atenção à fragilidade que esta possui, pois «ao reconhecer-se a fragilidade da família, permite-se que não se construam narrativas que ocupem e tapem esta mesma fragilidade». Por seu turno, o Prof. José Luís Ponte destacou a relevância da constituição de uma Família, atendendo à diferença e à complementaridade das pessoas, numa comunhão de vida que diariamente se deve alimentar. Recordou que a palavra “amor” vem do indo-europeu am, que significa alimentar: os esposos alimentam-se mutuamente, são alimento um para o outro e para a família. Já a responsável diocesana pela Pastoral Familiar enveredou pelo III capítulo da Amoris Lætitia, enquanto o Pe. António Belo partiu de uma frase que a sua mãe lhe dizia: “A boa educação é o caminho para a santidade”. Ambos tinham como pano de fundo a relação entre o casal cristão e a sua envolvência e importância no mundo hodierno.
Ao findar a manhã, teve lugar a Eucaristia presidida por D. João Lavrador, que realçou que, em cada família, particularmente, nos casais cristãos, se deveria “manifestar a alegria de sair de si mesmo para ir ao encontro do outro”. “Essa saída só é possível na medida em que há amor que diariamente cresce e se multiplica como bênção para a família, a comunidade e a Igreja”, afirmou o prelado, desafiando “a colocar no centro Deus, porque Ele não retira nada, mas engrandece cada um”.
“A família é a primeira grande prioridade da Pastoral da Diocese”
Este foi o primeiro encontro que contou com a participação do Bispo. “Para mim, está a ser um momento de muita alegria, não só por ser o Encontro das Famílias, à qual a Igreja dá um relevo muito grande, como também pela quantidade de casais que aqui se encontra e nos dá este sentimento de Ação de Graça ao Senhor por haver tantos casais, que na sua fidelidade neste percurso do Matrimónio, continuam a manifestar que o amor perdura”, afirmou, acrescentando: “Por outro lado, é uma interpelação muito grande à Igreja Diocesana para que continuemos a fazer este esforço em prol da família, que é a primeira grande prioridade da Pastoral da Diocese e, por isso, o apelo que fiz é que haja cada vez mais gente que se disponha, não só a ser família, mas também a realizar esta pastoral a favor das famílias, em particular, da Diocese”.
D. João Lavrador confessou ainda que o encontro ultrapassou todas as suas expectativas. “Gostava mais de passar na simplicidade, mas as pessoas vão cumprimentando e mostrando a sua alegria, felicidade e carinho e, eu vou recebendo”, contou, salientando: “Estou encantando com este chamamento do Senhor, assim como pelas outras paragens.”
O dia prolongou-se com um piquenique e uma tarde festiva, em que tiveram lugar as "Vivências do Amor”, levadas a palco por cada uma das Equipas Arciprestais e pelos Movimentos de Pastoral Familiar. No final, e antes da Bênção e Envio das Famílias por parte do Bispo Diocesano, o Orfeão de Vila Praia de Âncora abrilhantou, com as suas melodiosas vozes, este dia dedicado às Famílias Vianenses. No colmatar da sua atuação, o Orfeão cantou o Hino da Pastoral Familiar de Viana do Castelo, com letra da Ir. Maria José sfrjs e musicado pelo Pe. António Cartageno, recordando no refrão:
Corações de ouro provado,
com a Graça em filigrana!
O amor de Deus celebrado
e na vida revelado:
é a joia das famílias de Viana!
É a joia das famílias de Viana!
Para o ano, as expectativas são que o V Viana em Família se realize novamente sem condicionantes. “Vamos trabalhar para que o encontro se realize nos mesmos moldes, mas com maior afluência, proporcionando um maior e melhor convívio”, terminou Mons. Fernando Caldas.