Formação do Clero reflete sobre potencialidades da cultura atual

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A Vigararia do Clero promoveu, no dia 17 de maio, no Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, Viana do Castelo, mais um encontro de formação permanente, desta vez com o contributo do Doutor João Manuel Duque, Professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, e recentemente premiado com o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.

Refletindo e analisando “os desafios da cultura atual para a vida dos presbíteros”, João Duque destacou três horizontes principais: o individualismo, a digitalização e a espiritualidade ecológica.

Abordando o crescimento de estilos de vida marcados pelo individualismo, evidenciou que o ser humano acaba por se entender como “exigência de si mesmo, isolado e não protegido”. “A persecução da vida de cada um como destinada à autorrealização é tendencialmente europeia e marca das sociedades de consumo”, explicitou. Ainda assim, o conferencista perspetivou, declarando, previamente, que qualquer mudança cultural é, acima de tudo ambivalente, que tal aspeto tenderá a favorecer “percursos vocacionais menos predestinados socialmente, apesar de haver uma maior possibilidade de o ministério ser visto como tendo causa em si mesmo”, aproveitando, também, para referir que, dentro das dinâmicas sociais, o presbítero “pode ficar numa terra de ninguém, em relação à comunidade alargada”.

Continuando a análise, o Doutor João Duque declarou que, embora favoreça uma menor vinculação ao território, um maior acesso à informação e um aumento de recursos, a digitalização tenderá a gerar novas de- pendências e uma “certa banalização do discurso”, sendo necessário “prevenir um regresso ao coletivismo”.

“Que estrutura eclesial pode ajudar cristãos tendencialmente individualistas a discernir?”, questionou, por fim, apontando para que a resposta deverá ajudá-lo a sair das dinâmicas de manipulação do sujeito.