In Memoriam: Pe. António José Batista

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Chegou, via redes sociais, na página da nossa Diocese, a notícia do falecimento do Pe. António José Batista.
Sendo longe e tendo os horários marcados, parecia não ser possível participar no funeral. Mas os meios rápidos de comunicação fizeram-me alterar os horários e, enquanto escrevo estas linhas, já estou disponível para ir a Cossourado – Barcelos – rezar com os irmãos de sangue: Pe. Manuel, Pe. João e Pe. Eusébio, e os outros colegas que lá estarão, para rezar, dizia, por este bom sacerdote, que conheci como bom pastor das terras limianas da Facha, e pelo que vi e observei em serviço religioso por lá, tirar a conclusão de ser um excelente Pároco.

A primeira impressão ao pernoitar na Casa Paroquial, como então se usava para pregar de manhã e à noite, e de manhã era bem cedo, a primeira impressão era que o Pe. António era um homem a viver em harmonia com a familiar que o servia, e ser um espírito pobre e desprendido.

Depois encontrámo-nos muitas vezes; veio até Paredes de Coura observar aquilo que era a sua paixão – umas telhas – “tégulas” desenterradas nas Telheiras, a provar que ali houve algo relacionado com o topónimo, porque recuavam no tempo. Lá levou meia dúzia de cacos – para mim – mas para ele, preciosidades. 

Recebia regularmente o seu jornal paroquial, que penso ter morrido antes dele, até porque ouvi a sentença de morte numa reunião em que se discutia a imprensa regional: que os políticos nãos se preocupassem, porque “esses jornais” morreriam com os seus fundadores ou com aqueles que lhes davam vida… Vários já encerraram a sua edição, outros estão a caminho, mas a carolice de ter, de sustentar, de enviar um jornal paroquial, fosse qual fosse a sua periocidade, não se tornou fácil com a chegada das novas tecnologias. 

Eu sustento um com sentença de morte a curto prazo.

Sei que as folhas dominicais contribuíram para isso, mas eu penso, e o Pe. António com as suas descobertas arqueológicas que ia colocando na Voz da Facha também assim pensava, que uma coisa não deve destruir a outra.

A última vez que estive com ele foi num retiro antes da pandemia, no Centro Espírito Santo e Missão dos padres espiritanos, em Silva. Como amigo, fez o favor de me oferecer o seu último trabalho em livro, com dedicatória.

Convivi com ele nas Bodas de Ouro do Pe. João Batista, na sua capela de Cossourado, pois para tal fora convidado. 

Privei com o irmão, Pe. Manuel, e admirei como, em tarde de Domingo de alto verão, aquela terra de Barcelos onde hoje rezamos junto dos restos mortais do Pe. António, ainda era então um oásis espiritual. O Pe. Carlos Leme ainda sorri, Pároco atual, quando lhe falo disso, mas entende que o trabalho que os que vão passando fizeram foi de grande importância, como o é hoje o das novas gerações.

Perdemos mais um sacerdote que já estava há tempos, por limite de idade, fora do ativo do múnus paroquial, mas que era uma referência para nós.

Agradecemos a Deus o dom da vida e da vida sacerdotal do Pe. António e estamos, junto dos três irmãos e restantes familiares, a dar graças a Deus por este exemplo de família, que deu às Dioceses de Braga e de Viana do Castelo quatro irmãos sacerdotes. Só conheci outro caso, em Vila de Punhe.

Pois, descansa em paz, irmão padre.

Que o Bom Pastor te tenha nos Seus braços, como tu O tiveste durante a vida!