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Peregrinação ao Sagrado Coração de Jesus volta a trazer paz a Viana do Castelo
Paz é o sentimento mais vivido por aqueles que sobem ao alto do monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo, no dia da peregrinação ao Sagrado Coração de Jesus. Dois anos após a pandemia, as Paróquias voltaram a integrar a peregrinação e D. João Lavrador também viveu o dia pela primeira vez, enquanto Bispo da Diocese.
Alexandrina veio de Castelo do Neiva para acompanhar o Agrupamento dos Escuteiros. “Já é uma tradição vir e participar na peregrinação”, começou por explicar, realçando o espírito de entreajuda que se vive durante o percurso. “Como venho com os miúdos, levo-lhes água e bolachas. E, se for necessário, puxo-os um bocadinho”, contou, entre risos, salientando que, quando chega e entra no Santuário, sente-se em paz.
De Darque, Ivone Balinha também não esquece a paz que sente quando faz a peregrinação. “Venho sempre, porque gosto muito e a relação que tenho com o Sagrado Coração de Jesus é muito boa”, afirmou.
Já Júlia e Tânia Silva vieram de Alvarães e, apesar de “algum cansaço”, não deixam de “agradecer a ajuda de Deus” quando sobem até ao alto. “Quando chego cá em cima, sinto um alívio”, contou, confidenciando um “carinho especial” pelo Sagrado Coração de Jesus.
Em contrapartida, Manuela Oliveira, da Paróquia de Meadela, não deu conta do cansaço, mas de “uma grande leveza”. “Já faz muito tempo que não fazia esta peregrinação, mas este ano fui desafiada pelas minhas irmãs e decidi vir. Ainda bem que o fiz porque estou de coração cheio”, disse, acrescentando que “todas as músicas” que cantou foram com “o intuito de chegar de alma e coração” ao alto de Santa Luzia. “O sentimento de chegada é de missão cumprida. Só acho que as pessoas, que chegam cá em cima, deveriam apoiar mais as que ainda estão a subir”, atirou, lamentando ainda “alguma falta de respeito” para quem vem a rezar.
Mafalda, de Mazarefes, veio cumprir uma tradição que faz desde pequena com os pais. “Vim com o grupo de jovens, e é sempre com alegria que participo na peregrinação”, contou, confidenciando que costuma rezar ao Sagrado Coração de Jesus.
Também Beatriz, da Paróquia de Alvarães, participou na peregrinação que “não se pode deixar morrer”. “Gosto muito de vir até ao Sagrado Coração de Jesus”, começou por confidenciar, defendendo: “Com todas estas dificuldades que o mundo atravessa, devemos lembrarmo-nos de que, há muitos anos atrás, houve aqui uma peste e o Sagrado Coração de Jesus livrou-nos dela. Não podemos esquecer a humanidade”.
A paroquiana contou sentir “alegria e paz” durante o percurso até ao alto de Santa Luzia e, quando entra no Santuário, ajoelha-se, reza e contempla a imagem do Sagrado Coração de Jesus. “Também participo na celebração, e quão bom é ver amigos e outros paroquianos reunidos”, acrescentou. Já um pouco emocionada, garantiu que o Sagrado Coração de Jesus é “o grande sentimento” da sua vida. “Se tenho algum problema na minha vida, é com o Sagrado Coração de Jesus que falo; por isso, a minha fé com Ele é muito grande”, disse.
“Temos de ser um Povo que caminha com Cristo e d’Ele recebe o dinamismo do Amor”
No itinerário da peregrinação está a capela de S. André, que está à guarda da comunidade ortodoxa. D. João Lavrador parou diante dela para recordar o sofrimento do povo ucraniano e rezar pela paz, intenção que relançou na Eucaristia. “Esta caminhada, feita na fé, em experiência de Igreja e nos dinamismos da comunhão, oferece-nos os traços de uma vida humana, mas sobretudo cristã, que se reconhece que o sentido da existência nos desperta para um caminho, muitas vezes duro, mas alimentado na esperança que brota da certeza da presença permanente de Jesus Cristo”, começou por dizer na sua homília.
O Bispo relembrou “o mistério pascal” de Jesus de Nazaré, destacando “o amor” e “a liberdade”. “Durante esta caminhada, não só sentimos o impulso para seguir no caminho do amor, como, através do chamamento divino, somos convidados a retificar constantemente os nossos critérios”, afirmou, reiterando: “Temos de ser um Povo que caminha com Cristo e d’Ele recebe o dinamismo do Amor que nos leve, com entusiasmo, alegria e disponibilidade, a entregarmo-nos totalmente a Deus e aos irmãos. Somos um Povo cuja única lei é o amor.
D. João convidou ainda “à esperança e à alegria, ao dinamismo do Amor que nos projeta numa nova ousadia evangelizadora”. “Não temais. O amor é sempre mais forte do que o erro, a arrogância, a calúnia, a dúvida ou o desespero. Só Jesus Cristo nos oferece a verdadeira liberdade, em cuja experiência nos entusiasmamos para libertar os nossos contemporâneos prisioneiros dos seus caprichos e dos seus enredos ideológicos falaciosos”, afirmou.
No final, dirigiu-se aos jovens e às famílias, em particular, e relembrou para a sua missão evangelizadora. “Como afirma o Papa Francisco «a alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária» (EG, 21). Imploro de Nossa Senhora, Mãe de Jesus Cristo e Mãe da Igreja, de São Bartolomeu dos Mártires, de S. Teotónio e de S. Paulo VI que nos abençoem e nos conduzam pelos caminhos que levam à evangelização do mundo de hoje”, terminou.