Entre os dias 29 e 30 de outubro, o Seminário Diocesano de Viana marcou presença em diversas comunidades do Arciprestado de Melgaço, no âmbito da Semana dos Seminários. Entre Eucaristias e sessões de Catequese, o testemunho centrou-se no desafio a “des-envergonhar” a capacidade de responder ao convite de Cristo. Paderne, Cubalhão, Cristóval, Matriz, Carvalhiças, Chaviães, Parada do Monte, Roussas, São Paio e Alvaredo foram os lugares onde as atividades decorreram. 

Neste sentido, publicamos o testemunho de João Cerqueira, seminarista do 5º ano, a partir do contacto que teve com as comunidades. 

“Ser padre”, parece soar a algo antiquado, desnecessário e descontextualizado. Mas será assim? Não deixa de ser curioso que crianças como Francisco, Filipe e Carlos se sintam interrogadas perante a mesma questão. Ser padre pode não estar nos planos de todos estes jovens, simplesmente porque olham para o seminário como uma fábrica de Padres, mas eles consideram que é muito importante que o seminário se faça presente junto das comunidades, não para ganhar adeptos, mas para desmistificar esta e outras ideias. Por isso, quando contactam com algum seminarista parece que entendem logo que o seminário é algo um pouco diferente. Veem-no como uma casa onde se descobre a felicidade a partir de uma perspetiva diferente. 

Desfeita a ideia de um chamamento mágico, é importante que tenhamos consciência de que as interpelações para uma possível ida para o seminário, chegam pela voz de pais, professores, amigos e párocos, e no caso do Padre César o convite chegou mesmo pela voz da diretora de turma, o que o faz reconhecer que todos temos um papel ativo, nesta realidade vocacional. “Despertar a vocação não é condicionar uma escolha, mas é,, antes de tudo, uma forma de interrogar para ajudar a discernir a vida”, afirma. 

Mas, será que os pais hoje se dispõem a questionar os filhos acerca deste caminho? Pais como é o caso de Sónia e de Daniela procuram sempre o melhor para os filhos. Acrescentam “quando nos deparamos com uma proposta de felicidade colocamos todas as hipóteses”. Curiosamente, ambas já tinham colocado esta possibilidade aos filhos. 

Do lado de avós e outros familiares como é o caso de Irene, de Clara e de José, deparámo-nos com uma alegria pela presença do Seminário nas comunidades. Referem que é importante conhecer as caras daqueles que poderão vir a ser o futuro da igreja. Salientam que vão colocar essa possibilidade aos mais jovens da família, pois “aqueles rapazes (os seminaristas) estavam todos contentes”. 

Questionados sobre a vinda do Seminário à comunidade, Marco, Rodrigo, Gonçalo, Constança, Carolina e Sara referem que não sabiam o que seria o seminário, mas que ficaram curiosos e que queriam fazer uma visita. Acrescentaram, ainda, que já conheceram alguém que queria ser padre, e que lhe vão voltar a colocar essa possibilidade. 

Quando pensamos naqueles que passam pela comunidade de seminário como é o caso do Padre César verificamos que de algum modo aquela experiência contribuiu para um discernimento da vida no seu todo. Segundo ele, essa é a razão pela qual ainda hoje o seminário continua a ser uma interrogação pertinente, porque “uma vida discernida é uma vida que caminha na senda da felicidade”. 

Por fim, quais serão, então, as características importantes de um Padre? Segundo todos os entrevistados o Padre deve estar próximo das pessoas, deve ter bom sentido de humor, e deve ser alegre, reconhecendo que o pior que podem encontrar num Padre é a frieza do tradicionalismo e a arrogância do legalismo.